A tecnologia que pode acabar com a sede no mundo
- Gustavo Quariguazi
- 15 de mar. de 2016
- 2 min de leitura
Os oceanos cobrem 70% da superfície da Terra e possuem 97% de toda a água existente no planeta. Usinas de dessalinização não são uma novidade. No entanto, o salto tecnológico dos últimos anos causou uma revolução positiva o suficiente para baratear o custo da produção de água potável pela metade.
A maior usina dessalinizadora do mundo (até 2015) ficava em Tel Aviv (Israel). Esta usina já está sendo ampliada para alcançar sua capacidade máxima de produção. Isso significa mais de 600 milhões de litros de água potável por dia. Isso significa que uma pessoa pode adquirir 1000 litros de água (consumo estimado por pessoa durante uma semana) por apenas USD 0,70. Ou seja, com menos de USD 3, é possível que uma pessoa tenha acesso à água potável pelo mês inteiro proveniente dos mares.
Outra usina existente que já ultrapassou a capacidade da usina de Israel (em 2016), fica localizada em Ras al-Khair, na Arábia Saudita. Atualmente, ela é capaz de produzir 1 bilhão de litros de água potável diariamente.

As vantagens da dessalinização não param por aí. Se utilizarmos a água também para produzir energia, seria capaz de produzir 2,4 milhões de Watts por dia! Em Novembro de 2015, há a promessa de entrada em funcionamento da maior usina dessalinizadora dos EUA, localizada na cidade de San Diego. A dessalinização já é utilizada no Brasil e em mais de 150 países. Cogita-se a instalação de uma usina em SP e outra no RJ mas até agora, os custos de implantação se mostraram proibitivos.
O sistema de dessalinização convencional consiste em evaporar a água e recolher o vapor, obtendo-se assim, água destilada pura. Como a necessidade de energia para aquecer esse volume de água é gigantesco, as usinas vem sendo construídas juntamente com usinas de energia. A nova tecnologia consiste em empurrar a água através de membranas porosas capazes de reter as partículas de sal. O problema é que os entupimentos das membranas eram bem frequentes. Então, aprimorou-se uma técnica de tratamento prévio da água que é capaz de fazer com que as membranas funcionem por mais tempo e com maior eficiência.
Agora vem a parte ruim. O que fazer com o sal extraído da água? E os animais que são puxados pelas bombas? Muitos grupos ativistas tem ido aos tribunais para proibir a construção de mais usinas exatamente por estes motivos. Ainda não houve estudos suficientes capazes de prever as consequências ecológicas da introdução dessa quantidade de sal novamente no mar. A concentração excessiva poderia tornar o mar um ambiente muito agressivo para as vidas marinhas existentes causando um desequilíbrio ambiental catastrófico. É bom lembrar que a maior parte do oxigênio que respiramos vem de organismos habitantes dos mares.

A ONU prevê que em 10 anos, quase 2 bilhões de pessoas viverão em regiões com escassez de água, vivendo com menos de mil metros cúbicos de água cada uma. A dessalinização capacitiva é uma solução em potencial, da mesma forma que a dessalinização com energia solar, cujos custos já reduziram o triplo em 15 anos. Assim, enquanto a dessalinização já avançou enormemente nos países ricos, também é necessário que chegue às regiões pobres, que são e serão as que mais sofrem e sofrerão com a falta de água.
Fonte:
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/10/151018_tecnologia_dessalinizacao_agua_rm
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