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Atrapaniebla - O artefato que faz água com o ar

  • Gustavo Quariguazi
  • 7 de out. de 2015
  • 4 min de leitura


E se fosse possível extrair água do ar de forma sustentável e em quantidade suficiente para abastecer uma famíla a custo zero? A idéia interessante ja existe no meio do deserto chileno e pode ser incrementada para projetos muito maiores capazes de suprir regiões onde este precioso recurso já representa um fator de preocupação.


O lugar onde a engenhoca foi pensada localiza-se no Chile em pleno deserto do Atacama (com extensão de 1500 Km) na região de Coquimbo, no município de Chungungo, que é banhado pelo mar, e onde choveu apenas cinco vezes em todo ano de 2013. O deserto do Atacama é uma área com 1500 Km de extensão e com média de chuvas de 0,1 mm ao ano. A cidade em questão tem uma média anual de 100 mm/ano. Para se ter um comparativo, uma cidade como São Paulo, tem uma média de chuvas de 1.500 mm/ano.


Assim como acontece em todas as cidades litorâneas, as nuvens se formam no mar e avançam sobre o continente através dos ventos em um fenômeno conhecido por "chuvas horizontais". Mas na região de Coquimbo as "nieblas costeiras" ficam aprisionadas por uma serra, e isso proporciona nuvens hiperúmidas. Isso é bem comum ao longo do litoral peruano e chileno devido à existência da cordilheira dos Andes. As "nieblas costeiras" são compostas por parículas minúsculas de água leves o suficiente para ficarem suspensas no ar.


Para se ter noção da quantidade de umidade a que estamos nos referindo, nestas regiões é comum encontrarmos árvores eternamente encharcadas e animais com os pêlos molhados o tempo todo. Por 50 anos esse fenômeno foi observado por pesquisadores da Universidade do Chile até que nasceu a idéia das "atrapanieblas" (armadilhas de nevoeiro em Português), a engenhoca que é capaz de retirar água do ar.


E antes que se pense em algo muito complexo tirado de filmes de ficção científica, e com consumos enormes de energia como é o caso da dessalinização do mar, as atrapanieblas nada mais são do que malhas de polietileno de alta densidade de até 150 m de largura esticadas entre dois postes de madeira ou aço. As nuvens são prensadas pela força dos ventos contra estas malhas que retém as minúsculas partículas de água, que condensam e escorrem para um reservatório. A eficiência do invento é comprovada através da média de 4 L de água captado diariamente por cada M²de malha utilizada.


O custo é baixo! Cada M² de malha custa em torno de 40 dólares


Infelizmente, o projeto não pode ser aplicado em todas as regiões do mundo pois as condições climáticas e de temperatura precisam ser bem específicas. Países como o México e Peru (incluindo a capital Lima) também fazem uso desta técnica onde a média de pluviosidade é inferior a a 10 mm/ano mas onde a humidade do ar chega a 98%. O maior complexo de atrapanieblas do mundo fica localizado em Tojquia, Guatemala. 60 captadores totalizam uma rede de 1440 M² e captam aproximadamente 4 mil litros de água diariamente que abastecem 30 famílias.

O Futuro do projeto:


Como a região de Chugungo cresceu muito nos últimos 40 anos, as malhas não são mais suficientes para atender à demanda e a prefeitura precisou recorrer a uma estação de dessalinização de água do mar para suprir a população. No entanto, ainda se pensa em formas de aumentar a aprodutividade das malhas. Um dos meios encontrados foi a criação do "Fog Finder". Diversos sensores que identificam o comportamento dos ventos e da umidade e que permite um posicionamento otimizado das malhas para que possam aproveitar de maneira mais eficaz o movimento das nuvens/neblina.


Já foi desenvolvido também no México, polímeros mais eficientes que são capazes de captar um maior volume de água e formas de disposição das malhas que a tornam mais resistentes e a fazem capaz de captar de 6 a 22 Litros a mais por M² do que as malhas convencionais


"Sonho com o dia em que o método de captar água das nuvens possa competir com o sistema de dessalinização, que requer muita energia e não é compatível com o meio ambiente", diz Pilar Cereceda, professora do Instituto de Geografia da Universidade do Chile e uma das maiores especialistas chilenas no assunto.




A Cerveja que cai do céu!


A utilização mais original da água que vem do céu acontece em Peña Blanca, 100 km mais ao Sul. Alimentada pela água de apenas duas pequenas malhas montadas no topo de uma de suas montanhas, funciona uma cervejaria artesanal. A Cervejaria Atrapaniebla tem três tonéis e uma câmara fria e produz 24 mil litros da bebida por ano. A boa Atrapaniebla, nome do rótulo, é uma Scottish Ale produzida com 100% de água captada do ar. "Sem fontes de água na quantidade que precisávamos, tivemos que apelar para as nuvens. Além disso, a água que vem das nuvens é de excelente qualidade, e dá particularidades especiais à nossa cerveja", diz Miguel Carcuro, dono e desenvolvedor da cervejaria. É a desculpa que você precisava para tomar cerveja - dessa vez, uma que caiu, literalmente, do céu.






Fontes:


http://super.abril.com.br/ideias/a-agua-que-vem-do-ar


http://www.atrapaniebla.cl/en/

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